Prisão sem grade

Liberdade...
Segundo o dicionário, liberdade significa (dentre outras coisas) "condição daquele que não é cativo ou que não é propriedade de outrem".
Então, como não sou propriedade de outra pessoa, sou livre? Nem sempre.
Liberdade vai muito além de apenas não ser pertencente à outrem... até porque muitas vezes somos nós mesmos que tiramos nossa própria liberdade! E, sobre isso, você pode se perguntar "quem, em sã consciência, tiraria sua própria liberdade?" E eu lhe respondo: você, eu, e todo ser humano! Eu sei, é estranho, mas fazemos isso o tempo todo!
Às vezes nós nos prendemos tanto à situações passadas, de modo que não conseguimos mais caminhar, progredir. Parece que sempre temos algo que nos amarra, nos segura e faz com que fiquemos patinando sem conseguir sair do lugar... Parece que a "vida não anda", que sempre acontece tudo igual é que nada da certo. E isso, muitas vezes não é só impressão; é real!
Quando nos prendemos à alguma coisa, nos privamos de seguir nosso caminho. Sabe aquele fato do passado que não dá pra aceitar; ou aquela situação que você repudia e sofre por achar que teria, de qualquer maneira, ter acontecido diferente, ou aquela cena/situação que vive acontecendo e você não consegue enxergar que é sua a responsabilidade de mudar? Pois é; quando você se prende a coisas assim, você mesmo tira tua própria liberdade.
Ao nos prendermos à algo que não nos faz bem, é como se construíssemos uma prisão dentro de nós e a levássemos conosco por onde formos. Não há muros, não há grades... mas não há liberdade.
E, sabe por que isso acontece? Porque a falta de aceitação sobre nossas mazelas, sobre o que aconteceu de mau, sobre o que nos machucou e ainda machuca, sobre nossas próprias falhas e fraquezas nos fazem escravos cativos da revolta e da incapacidade de seguir adiante.
Tem um exemplo muito comum de como nos prendemos. Todo mundo, em algum momento, já anulou parte de si para fazer de outra pessoa a prioridade na vida, esperando receber a mesma atenção, dedicação, esperando ser, também, prioridade. E o que acontece? A gente se machuca. A gente se machuca porque da tudo de melhor pro outro, abre a vida, deixa os próprios planos de lado pra ajudar o outro com os dele... mas nem sempre isso é recíproco, né?! Porque cada um tem um caminho e cada um tem suas próprias prisões.
Nos fazemos cativos dos outros por vontade própria, e sofremos se as coisas não saem como nós pensamos, ou sonhamos que seriam... se nos prendemos à essa frustração, a não aceitação da história que não foi conto de fadas, corremos o risco de levantar mais uma prisão.
Quando nos trancamos nessas prisões, não temos condições de viver nossa história; então damos espaço para que os acontecimentos e as pessoas "vivam" por nós: vemos o mundo com os olhos do outro, pensamos nas coisas com o ponto de vista do outro, caminhamos pisando no rastro das pegadas do outro... nos colocamos em posição de sermos obrigados a seguir os caminhos que os outros acham melhor. Não digo que estes caminhos que eles nos indicam não sejam bons, mas perdemos nossa autonomia, sempre vivemos diante daquilo que o outro pensa e faz, e por muitas vezes das experiências passadas, frustradas, pelas quais passamos, generalizamos.
Mas e se esse não for o caminho que eu gostaria de seguir? E se esse caminho não me levar onde eu quero chegar? Se isso acontecer, será mais uma prisão que você construirá dentro de si, onde ficará lamentando sem conseguir aceitar tudo o que acontecer nesse percurso.
Para ser livre é preciso, primeiro, olhar pra dentro e aceitar quem somos, como vivemos e toda história que carregamos e que nos fez como somos hoje! Aceitando isso, encontraremos a chave para abrir cada prisão que construímos dentro de nós e, aos poucos, vamos libertando de cada uma até chegar o momento de nos depararmos com o caminho que de fato é nosso! E nesse momento, teremos condição de escolher caminhar até chegar onde queremos e experimentaremos, de verdade, a sensação de ter a alma livre!
Precisamos olhar mais pra dentro de nós, vasculhar cada prisão que construímos e perdoar aquela parte de nós que deixamos presa lá, por não ter sido o que esperávamos que ela fosse... precisamos reconhecer que temos falhas e fraquezas e nos perdoar; porque apesar disso, temos capacidade suficiente de mudar o rumo do futuro e nos fazermos melhores como seres humanos, e ver que
temos a imensa capacidade de crescer!
A pior prisão é aquela nos cativa a alma, que tranca nossos sonhos e nossa esperança.
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