Me fiz abrigo
Quantas vezes nos vemos intimidados pelo "diferente" que o outro nos traz? Aquele outro ser, que nos mostra outra realidade e se apresenta, ainda, desconhecido, por vezes pode nos trazer uma sensação de "perigo". Entendamos aqui que é uma tendência primitiva e natural do ser humano de ter medo do desconhecido: "e se for perigoso? E se me colocar em risco? E se for uma ameaça?" Dessa forma, pode ser que nossa primeira reação seja repelir o "diferente", isolá-lo de maneira que ele não nos alcance.
Mas, vivemos em sociedade, onde cada indivíduo é único e, de maneira óbvia, o "diferente" é uma constante. Ilude-se quem acredita não viver em meio às diferenças. E, ao contrário do que nossa tendência primitiva e natural nos faz pensar, as diferenças só nos fazem crescer. São as diferenças que nos ampliam horizontes!
Elas estão por toda parte! São acessíveis: podemos nos colocar a colher o que desejarmos acolher!
A palavra acolher significa oferecer ou obter refúgio, proteção ou conforto físico; abrigar(-se), amparar(-se); hospedar(-se), alojar(-se). Em outras palavras (aqui para nossa conversa), abrigar dentro nós o outro, com suas diferenças; dar-lhe abrigo em nosso universo; permitir que ele seja hóspede de nós. E, que coragem é preciso para isso?!!!! Só consegue acolher quem tem coragem de também se mostrar, e se permite conhecer-se pelo outro.
Abrigar o outro dentro de nós não é algo simples... demanda tempo, energia, paciência e coragem. Acolher, apenas. Deixar de lado o que já se conhece e apenas acolher as diferenças... ter o olhar de uma criança que ainda está descobrindo o mundo, sem saber conceitos de "certo e errado", "coragem e covardia", "moral/imoral/amoral"... um olhar curioso que anseia por apenas conhecer e, consequentemente, acolher, sem julgamentos, apenas buscando compreender.
E, deixando um lacinho meu para somar com você, compartilho: acolher foi uma das experiências mais gratificantes da minha vida! Olhar nos olhos daquele outro ser, compreendendo todas nossas diferenças e oferecendo-lhe abrigo em mim e, de certa forma, sendo a primeira a fazer isso, me deu uma sensação de soma gigantesca! Isso fez-me extremamente grata por poder oferecer o melhor de mim e vivenciar uma experiência extraordinária: eu estava a colher aqueles "fragmentos" de vida, buscando compreender nossas diferenças, para acolher em mim. Ali eu me fiz abrigo.
Entendi que o que falta em nós é saber (conseguir/poder/querer) acolher, apenas. Apenas acolher, sem querer ou esperar nada em troca, somente hospedar e amparar... porque a soma disso é inevitável e, quem acolhe, ganha outro universo em si.... é uma soma que não dá para explicar; apenas entendemos quando passamos a vivenciar!
Acolha! Seja abrigo! Seja amparo... Se faça lar!
Mas também se permita ser acolhido e, se for de verdade, aceite os lares que fizerem pra ti!
Imagem by Pixabay
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